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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Reforma no mundo em transformação.

            
A Reforma no mundo em transformação. 

            No mundo medieval a pessoa humana estava aprisionada a mecanismos religiosos que produziam morte. Um aprisionamento acarretado pela falta de esclarecimento e conhecimento produzida pela estrutura religiosa e política. Atualmente, por mais que alguns desejem viver com a cabeça na idade-média, estão com os pés na pós-modernidade. Navegamos em um mar cheio de informação, onde temos liberdade para querer conhecer, duvidar e questionar, são ferramentas do nosso tempo.  
            A Reforma é mais que um processo histórico com desejo de mudança institucional. Antes de tudo, é uma mudança de raciocínio, como falou Lutero: “Se eu não for convencido pela minha consciência e pelas sagradas escrituras eu aqui permaneço”. Pode-se entender a Reforma como o marco dessas transformações que estão ocorrendo no mundo e nas pessoas. Um estudo sério considera que a Reforma Protestante não era a única iniciativa nesse processo renovador e transformador que o mundo atravessava naquele momento. Dentre os movimentos reformadores podemos citar os mais importantes, com seus respectivos responsáveis e lugar:

REFORMADOR/ DATA / PAÍS
IGREJA
MODELO ADM
TIPO DE RFORMA
CLASSE SOCIAL
IGREJA/ ESTADO
Lutero/1517/Alemanha
Luterana
Conciliar Episcopal
Teológica e Política
Nobreza
Esferas distintas
João Calvino/1526/ Suiça
Calvinista Presbiteriana Reformada
Conciliar
Religiosa/
Teológica  Política
Burguesia

Esferas distintas
Henrique VIII. 1534. Inglaterra
Anglicana Episcopal
Episcopal
Política
Monarquia
Não
Thomaz Müntzer. 1525. Alemanha e Outros
Livres ou Anabatistas
Congregacional
Teológica/
Religiosa/
Política/
Social/ Radical
Trabalhador da cidade ou rural



Sim

            Movimentos reformadores, tanto religiosos como sócio-politico estão em ebulição na Europa e isso acarretou em transformações. No sistema feudal a produção era auto-suficiente, com uma posição social que se definia no nascimento, com um poder político local. Surgem as grandes navegações, que colaboram com novas rotas de comércio, o encontro dos povos, o choque cultural e de idéias; contribuindo também para o fim do sistema feudal. Começa a surgir o mercantilismo, implantando uma nova classe social, a burguesia; isso contribui para o novo papel da cidade, pois com o burgo vêm os mercadores, os homens livres! Está é ênfase da Reforma – LIBERDADE!
            O Renascimento proporciona uma nova visão sobre o homem, nova concepção da natureza, novo método científico, nova visão de mundo e Deus. O Renascimento é a grande base para as mudanças que contribuíram para a Reforma. Pois, com o Renascimento os filósofos humanistas fazem renascer as ideias do grego clássico de 400 a.C. na Idade-Média. Recuperam o grego clássico e provocam um salto intelectual de mil anos na frente. Percebam, está havendo uma mudança na cabeça das pessoas. Guttemberg inova com a invenção da prensa móvel, e o primeiro livro impresso foi à bíblia, ajudou na acessibilidade do conhecimento para o povo. No âmbito da cultura surgem as pinturas, a música e tantas outras expressões culturais. 
            Com esses acontecimentos na Europa do Sec. XVI, surgem, Lutero e seu amigo Felipe Melanchton, com uma proposta que iria sacudir a Europa nos âmbitos sócios-econômicos-políticos-religiosos. Convido-lhe a aventurar-se nos caminhos percorridos por Lutero rumo a Reforma.
            Quando foi ordenado Sacerdote em 1520 ele faz a carta da nobreza cristã alemã com 27 propostas. Em 1521, no Concílio de Worms, Lutero teve que se explicar, viajou de Wittemberg para Worms onde faz a mais bela confissão: “Se eu não for convencido pela minha consciência e pelas sagradas escrituras eu aqui permaneço”. Considerado fora da lei, quando deixa o recinto deste concílio é seqüestrado e protegido, pois, corria o risco de perder sua vida. De 1521 a 1522 fica no Castelo de Waitburgo, onde ousadamente traduz o N. T. para o alemão, contrariando o idioma religioso oficial, o latim, com isso ele contribui para que todo o povo tenha acesso ao texto bíblico.
            Em 1526 no Concílio de Spira, cancela-se o edito de Worms e acontece a primeira vitória da Reforma: “A religião do feudo é a religião de seu príncipe”. Permitem-se duas religiões. Mas, em 1529, no II Concilio de Spira cancela-se o edito da primeira. Então, no dia 19 de abril deste ano, cinco príncipes levantam-se e “PROTESTAM” contra o cancelamento do edito do I Concilio que autoriza a liberdade religiosa, neste momento surgem o termo “PROTESTANTE”. Portanto, 31 de outubro de 1517, é simbolicamente o dia da Reforma Protestante, pois, foi o dia que Lutero afixou as 95 teses na porta da Catedral de Witemberg, mas o termo protestante surge da reação dos príncipes. 
            As 95 teses combatiam o mercado religioso das vendas de indulgências, onde se comprava o perdão dos pecados, era a venda da graça, dos favores de Deus a humanidade. Como professor de bíblia, e ministrando os cursos sobre salmos, gálatas e romanos é que ele desperta para os eixos centrais da reforma. Vivia em constante crise, devido sua situação pecaminosa, buscou satisfazer e agradar a Deus como no paganismo, com jejuns, orações, vigílias e boas-obras, mas essas tentativas deixavam-no com uma consciência intranquila, pensando que erros acarretavam em uma ira fervente em relação a Deus. Isso é paganismo, não cristianismo. Claramente ele expõe sua opinião: “Eu não amava, na verdade odiava, aquele Deus que punia os pecadores”, mas um dia na torre do castelo meditando em seu estudo, ele teve a inspiração para a reforma, com a seguinte expressão de Paulo aos Romanos: “Aquele que pela fé é justo, viverá”.
            A Reforma Protestante de Lutero tem alguns temas centrais ou eixos teológicos como: Solus Chistus, Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fidei. Afirmo, que o sacerdócio universal de todos os crentes e a justificação pela fé é antecedente a reforma, mas de maneira direta ou indireta contribuíram para a reforma.  Em Solus Chistus o reformador afirma: somente Cristo, mediante Cristo há salvação e o único mediador. Sola Scriptura: Somente a escritura, Deus fala através da escritura, não somente pela tradição. Sola Gratia: Somente pela graça, rejeição da salvação pelas obras, é dom de Deus. Sola Fidei: Somente a fé, somente a fé em Jesus Cristo salva, rejeição a bondade humana para salvar. Soli Deo Gloria: Glória somente a Deus, esta ideia reformadora faz crítica a toda reverência e glória outorgada as autoridades eclesiásticas, santos canonizados e aos Papas. Toda glória é devida somente a Deus.
            O mercado religioso atualmente é forte e competitivo, é quase uma obrigação o resgate de uma teologia séria, comprometida e humana. O deus da idade-média não gerava vida, possuía mecanismos de morte e opressão. O Deus da vida deseja construir uma liberdade fraternal. Urge a necessidade de devolver a Palavra de Deus a centralidade do culto; assim, Lutero se manifestou: “eu não fiz nada, a palavra fez tudo”; essa palavra é Jesus Cristo, palavra final de Deus! A idade-média tentou esconder o rosto de Deus para que ninguém o encontrasse, mas esqueceram-se que Ele resolveu beijar a humanidade, andar conosco e conhecer as nossas dores. Nenhum sistema, instituição ou religião conseguirá esconder Deus da humanidade eternamente, Deus sempre terá pessoas dispostas a carregarem a cruz com os crucificados da história.
         Certa vez fui a uma festa medieval, ministrei naquele dia o seguinte: “que medieval sejam somente as nossas vestes, nunca a nossa consciência”. Infelizmente, o que mais encontramos atualmente são líderes religiosos com “vestes pós-modernas, tecnologia de alta geração, mas com a consciência e o comportamento extremamente medieval”.